O respeito se foi
Por Liliana Pinheiro
Dadas as circunstâncias políticas, morais e éticas que cercam o Planalto nesses tempos, não há como condenar a virulenta reação de Ronaldo à observação do presidente Lula sobre seu peso. O atacante repetiu com todas as letras que dizem que o chefe da nação “bebe pra caramba”. Dadas as circunstâncias, também ninguém há de colocar reparo na frase de Roberto Freire (PPS) para explicar nesta sexta por que seu partido não fará aliança com Lula e seu PT: “Com ladrão, não”, disse.
“Lula está tranqüilo, com 63%, igual cavalo de 7 de Setembro, cagando e andando.” A mui cortês observação foi feita por Antonio Arruti, líder do MLST, em reunião com a militância do movimento para preparar a invasão da Câmara.
Hoje, classificar um presidente da República de ladrão, malandro ou compará-lo a um quadrúpede em situação escatológica vai para pés de página, quando muito com direito a reprise nas colunas de frases. No caso de Ronaldo, será diferente, mas não porque Lula foi tomado por bebum — coisa até já ocorrida mais vezes —, e sim porque quem disse a frase foi o Fenômeno, no dia da abertura da Copo do Mundo.
O Fenômeno goleou? É evidente. O grito de indignação com o nível da política, que estava parado na garganta de muita gente, saiu assim que o craque entrou no campo eleitoral. Mas há que se notar que Ronaldo representa a bandeira do Brasil e nem piscou ao lembrar da fama cachaceira do presidente do mesmo país, diante de toda a imprensa internacional. Merecidamente, no caso de Lula, o respeito está em baixa. O problema vai ser administrar essa herança da esculhambação daqui para a frente. Com ele ou sem ele no comando do país.