29 janeiro 2006

+ de Augusto Nunes (JB, 29/01)

A padroeira dos pecadores
O Ministério da Justiça da Nova Era engordou o mamute burocrático com a criação do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI, para os íntimos). A sigla chegou para mostrar à turma das contas bancárias no exterior que a boa vida acabara. Pois melhoroumuito, graças sobretudo à aplicação de uma recuperadora que nada recupera.

Superintendente-geral do DRCI, a companheira Wanine Santana Lima virou madrinha dos bandidos dolarizados. Em outubro, um relatório interno da Polícia Federal revelou que Wanine se esmerava em atrapalhar investigações sobre o mensalão ou pilantragens protagonizadas por Duda Mendonça.

Trecho do relatório: “Enquanto as equipes policiais trabalhavam no Brasil e operacionalizavam a ida a Nova York, Wanine Lima encontrava- se no exterior tentando convencer as autoridades americanas a não repassar as informações solicitadas”. Nessa estranha missão, trabalhou em parceria com o subprocurador- geral da República, Eugênio Aragão. A dupla esbanjou afinação.

Em coro, o casal repetiu aos americanos que a documentação buscada pela PF e pela CPI dos Correios era irrelevante. Entre a Polícia Federal, a CPI e a aplicada complicadora, o sempre gentil ministro Márcio Thomaz Bastos deu precedência à mulher. O DRCI foi fortalecido. E Wanine se tornou mais ousada.

Não foi possível evitar a liberação dos documentos. Ela acionou o plano B. A papelada que devassa os intestinos da Dusseldorf, guarda-chuvas que abrigou a conta de Duda e muitas outras, desembarcou no Brasil em oito caixas. Foram todas capturadas por Wanine. A PF e a CPI ainda não viram a cor dos documentos. Duda não trata do assunto. Livre e leve, só tem tempo para pensar no carnaval da Bahia.